29 de agosto de 2012

HQ´S: Maus - A História de um Sobrevivente


Maus é a prova definitiva que os quadrinhos podem gerar verdadeiras obras de arte. 

Em Maus (que significa 'rato' em alemão) Art Spiegelman conta a história de seu pai Vladek Spiegelman, um judeu polonês que - com muita sorte, criatividade, perspicácia e principalmente, vontade de viver -  conseguiu passar incólume por umas das barbáries mais vergonhosas já cometida pela humanidade: o Holocausto. Publicada originalmente em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991, Maus transcende o conceito de simples obra ficção, para tornar-se um dos relatos mais incisivos e importantes deste período sombrio da história recente.


Utilizando-se de muita metalinguagem, o autor mostra os bastidores da obra que o leitor tem em mãos, abordando as conversas que mantinha com o pai, quando decidiu pedir a Vladek que contasse sua história. A ênfase na relação problemática de Art Spiegelman com o pai e a repercussão positiva da primeira parte da obra, após seu lançamento, bem como seus anseios pela segunda parte, viram material para Maus, o que acaba enriquecendo absurdamente a narrativa. 

Em certo ponto da hq, Art Spiegelman questiona o valor da sua própria obra. Ele a acha pretensiosa. Como poderia dar certo, afinal, simplificar a experiência traumatizante do Holocausto a uma mera história em quadrinhos, sendo que ele próprio não viveu esse período? A resposta está no modo honesto e sincero que Spiegelman escolheu para apresentar o relato de seu pai. Vladek é um herói por sobreviver ao Holocausto, mas mesmo assim é retratado como preconceituoso, sovina e meio amargurado, uma pessoa difícil de se conviver. Seriam reflexos diretos dos dias passados nos campos de concentração e extermínio de judeus? Mas então como outros sobreviventes não são assim? Os questionamentos levantados pelo autor, não poupam nem seu pai, nem ele mesmo. E sobram críticas para todo mundo. 


A arte preto e branco do quadrinho é um acerto à parte, combinando perfeitamente com o tom melancólico da história e com o traço super particular do autor, tornando tudo mais pessoal e acessível. A crítica mais explicita de Maus está na maneira como os personagens são caracterizados. Utilizando-se do antropomorfismo Spiegelman retrata o poloneses judeus como ratos, os alemães como gatos, americanos como cachorros e poloneses não-judeus como porcos, entre outros. Este recurso se mostra extremamente bem sucedido, já que contrasta com a seriedade do assunto e só evidencia ainda mais a brutalidade dos fatos relatados pelo pai do autor. Maus é uma obra imperdível e fundamental para que o Holocausto jamais seja esquecido, e para que nada igual um dia volte acontecer.



Em tempo: Em 1992, Art Spiegelman foi agraciado com o prêmio Pulitzer por Maus. No Brasil a Companhia das Letras publicou a história completa de Maus (parte um e parte dois) através do selo Quadrinhos na Cia.
Recomendação Máxima!

Nota: 10



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