21 de março de 2012

SÉRIES: A Segunda Temporada de The Walking Dead


Se a temporada começou devagar e o ritmo lento (meio zumbi) da série irritou muita gente, na reta final The Walking Dead mostrou com quantas mortes, tiros, correria e principalmente zumbis, se faz um excelente season finale. Confira um balanço da segunda temporada da série.

Basicamente existem dois tipos de fãs da série da AMC, que adapta para a tv o sucesso dos quadrinhos, The walking Dead, criado por Robert Kirkman: os fãs do material original e os que não o conhecem. Para os primeiros (me incluo nessa), tentar não comparar a série com a hq, é praticamente impossível. Já para o outro tipo, fidelização ao material original pouco importa. A série da AMC é ciente disso e tenta abraçar os dois públicos, tentando agradar os fãs da hq com pequenos easter eggs, referências e outros mimos, tudo isso para acalmar os ânimos frente as mudanças necessárias para que a mesma história funcione em duas mídias diferentes. Quando essas alterações funcionam (Sophia no celeiro), acabam agradando e por vezes até surpreendendo, proporcionando um ar de novidade para quem já conhece o enredo de cabo a rabo. Mas quando o tiro sai pela culatra, fica sempre a mesma questão pairando na cabeça de todo mundo: com um material base tão bom, para que inventar tanto? Com tanto personagem bom na hq, porque insistir em alguns que não dão certo. Um apocalipse zumbi é a desculpa perfeita para matar personagens que não funcionam e introduzir outros. Mas nem sempre a série se aproveita disso. 


A temporada começou com o freio de mão puxado, com muita caminhada de um lado para o outro na mata, com muito blábláblá entre os personagens, numa tentativa frustada de desenvolver alguns deles. Digo frustrada, porque não acho que tenha funcionado. Sabemos tanto sobre eles como no começo da série e a bem da verdade, pouca gente se importa com os personagens, diferentemente dos quadrinhos, onde cada baixa no grupo é sentida pelo leitor. Outra coisa que andou faltando foi zumbi. A série deu uma economizada nos mortos-vivos e muita gente pode dizer que é porque eles não são o foco da série e sim os personagens. Mas quando os personagens não correspondem, o que sobra? ZUMBIS.

Pouca coisa realmente importante aconteceu. Tivemos a introdução dos personagens da fazenda, a incansável (para os personagens )e entediante (para o público) busca da menina Sophia, que encheu o saco de todo mundo, ocupando a primeira metade da temporada e só se mostrou válida pela mudança no desfecho da personagem, pegando bastante fã de surpresa: ela estava o tempo todo no celeiro, infectada. Confesso que já estava pedindo pra ela estar morta, mas a cena foi impactante o bastante para me emocionar e me aproximar mais dos personagens. Acho que foi o grande destaque desta primeira parte.


A série recuperou o fôlego na segunda metade e o sentido de urgência aumentou. Claro que muita coisa ainda incomodava, mas no geral o ritmo melhorou, a lenga-lenga foi cortada, personagens foram limados da série, e a tensão subiu a cada episódio. Rick não já estava tão bananão, e a moralidade e inocência do personagem foi se dissolvendo à medida que ele presenciava mais e mais atrocidades. Ele chamou a responsabilidade para si, e defender sua família e o grupo passou a ser a nova ordem, custe o que custar. Talvez foi o personagem melhor desenvolvido até aqui e cada vez mais próximo do Rick dos quadrinhos.


A morte do Shane foi sentida pelos fãs, afinal ele era um personagem forte, que do seu modo fez tudo que pôde para sobreviver, ao contrário da maioria dos coadjuvantes inúteis que só fazem chorar e esperar que alguém tome uma atitude para depois recriminá-la, quando a coisa dá errada. Mais que isso, a morte do personagem serviu para encerar de vez (espero) o papo chato do triângulo amoroso que sempre prejudicou o ritmo da série, e nunca levou a lugar algum.

A conclusão do plot que iniciou no final da primeira temporada, quando o grupo de sobreviventes encontrou o cientista no CDC (que foi pelos ares), onde ele confidencia algo no ouvido de Rick - talvez  a informação mais importante da temporada - que todos estão contaminados e condenados e basta morrer para virar um zumbi. Talvez ai resida a grande ironia da série: os mortos-vivos do título não são os zumbis e sim eles, que apesar de ainda estarem vivos, na verdade já estão mortos. Claro que isso ainda voltará a ser explorado na série, mas foi uma boa introdução a esta fatalidade.

Sobre o episódio final



Sentido de urgência no máximo. Já era sem tempo, né, The Walking Dead! Muito tiro, corre-corre, miolos explodindo,sangue, mortes e zumbis. O cardápio perfeito. Foi tão empolgante que a gente dá desconto para os absurdos em cena, como a mira infalível dos personagens, e a munição infinita. Eita, que os roteiristas aproveitaram a oportunidade para faxinar a casa e dar cabo de personagens inúteis a rodo, pena que o T-Dog não rodou também...aquele zé...

Se as cenas do grupo junto nem sempre funcionam, eles separados e cada um por si, são maravilhosas. Afinal de contas, num apocalipse zumbi você salva o seu traseiro primeiro o do seu amiguinho? No pega pra capar, é salve-se quem puder, amigo. Nesse espírito, Andrea acabou ficando para trás e se  a personagem alguma vez teve dúvida se queria estar viva, agora esta totalmente convencida a lutar bravamente pela sobrevivência. 


E quando tudo parecia estar perdido, aparece uma maluca com dois zumbis a tiracolo e uma katana na mão. Eu gritei nessa hora: Bem-vinda Michonne! Uma das personagens mais queridas das hq´s tem um debut digno e fará uma diferença tremenda na próxima temporada, não tenha dúvida, afinal ela tem mais colhões que qualquer um ali. E como se isso não fosse o bastante para a alegria geral da nação, ainda na última cena, no último take, vemos a prisão. Um dos melhores arcos de The Walking Dead nos quadrinhos está prestes a começar na série de tv e promete bastante para a próxima temporada. 

Promessas. É disso que vive The Walking Dead. Vamos ver se desta vez a série as cumpre.


Só um PS.: 
E o Merle? Será que a série abandonou ele com a saída de Frank Darabont? Ou ficou pra terceira temporada?

Nota para a temporada: 7,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário