The Middle não tem a genialidade constante de Modern Family, mas tem seus momentos. Exibida no bloco de comédia da ABC, The Middle é responsável por chamar a audiência para a série ganhadora do Emmy de melhor comédia do ano. A dobradinha The Middle e Modern Family deu tão certo que a série acabou sendo renovada, pegando carona no sucesso da família moderna. Ainda bem!
O nome da série já diz tudo. The Middle é uma comédia mediana que conta a história dos Heck, uma familia suburbana de Orson, Indiana, ou como diria a matriarca da familia, Frankie, "o meio de lugar nenhum", daí o nome da série. Os Heck enfrentam problemas do dia-a-dia comuns à classe média, como a falta de grana, além de resolverem as confusões da vida escolar atribulada dos filhos, com muito bom humor. Esse é o segredo: a identificação é imediata. Todo mundo tem um pouco dos Heck.
Frankie (Patricia Heaton) é uma típica dona de casa heroína, que além de fazer a família "funcionar", arrumou um emprego em uma loja de automóveis para ajudar no orçamento. Péssima vendedora, Frankie vive na corda bamba, prestes a perder o emprego, pelo mau desempenho, o que rende boas piadas.Vive entrando em crise, por não se considerar uma boa mãe. É o plot mais usado na série.
Não se deixe enganar pela cara fechada do patriarca dos Heck, Mike (Neil Flynn).O que ele tem de tamanho, tem de bondade, apesar de ser um homem de poucas palavras. Gerente de escavações, é o mais racional e acomodado da família, sempre tentando fugir dos problemas escolares dos filhos, e de outros compromissos familiares para ter mais tempo para sua paixão, esportes.
O filho mais velho Axl (Charlie McDermott) não escapa do clichê de um adolescente de 16 anos: se comunica por grunhidos e gestos exagerados, vive atrasado, com sono ou dormindo, ou de samba-canção. Esportista, é um péssimo aluno, e parece não dar a mínima para nada, mas no fundo é um bom rapaz, apesar de raramente demonstrar isso.
O caçula dos Heck, é o estranhíssimo nerdzinho Brick (Atticus Shaffer). Devorador de livros, excelente aluno e com QI acima da média, Brick tem dificuldades em relacionar-se com outras pessoas, o que acabou gerando uma mania estranha, sussurrar o que acabou de falar, para si mesmo. Seu pior medo: a hora do recreio, onde ele tem que interagir com outras pessoas. Apesar de gênio é desleixado e vive esquecendo o prazo para entregar os trabalhos.
Eu deixei a filha do meio dos Heck para o final, propositalmente. A pré-adolescente Sue (Eden Sher) é minha personagem preferida, e de longe a melhor da série. Poderia escrever um texto só sobre Sue Heck e sua inabalável força de vontade, determinação, otimismo e talento natural para destruir tudo que se propõe a fazer. Sue é um desastre ambulante.Tentou inúmeras vezes e fracassou em todas as tentativas de se encaixar em alguma modalidade esportiva, pertencer a algum grupo. Sempre vira motivo de chacota, pelos micos que acaba pagando na escola. Muito explorada na primeira temporada, vemos que Sue Heck, apesar de ser um desastre prestes a acontecer, acabou criando uma carapaça intransponível, onde a reprovação dos outros não mais a atinge, e nunca, nunca abala sua força de vontade e esperança que da próxima vez dará certo. Lá pela metade da primeira temporada entendemos toda a complexidade da personagem e é de dar um nó no estômago: Sue Heck é uma heroína fantasma, lutando para ser notada no competitivo mundo escolar e dotada de uma pureza, ingenuidade e humor pastelão que lembra os melhores personagens de Charlie Chaplin.
No episódio que marca a volta da série, depois das férias escolares frustrantes e tediosas, que passaram em casa, por falta de grana para viajar, é o primeiro dia de aula da garotada, e os Heck se vêem cercados pelos mesmos problemas, e atrasados e despreparados para voltar a rotina diária. Depois de chegar atrasada no trabalho (vou deixar para falar dos hilários funcionários da loja de carros em outro review), Frankie decide tomar uma resolução, espelhada em outras familias, e organizar a prole, com direito a quadro de tarefas e tudo. Só que isso acaba piorando a vida dos Heck, que se acostumaram a funcionar melhor no caos.
Enquanto Axl sofre alterações no relógio biológico por acordar no horário certo, por culpa de um despertador imposto pela mãe, Brick sofre represálias da nova professora, depois que os pais foram incomodar a mulher no terceiro dia letivo, na hora do almoço da professora, querendo parecer interessados na vida escolar do filho. Além disso, Frankie substitui e joga fora o único amigo de Brick, uma mochila velha. Sue, claro, rouba a cena. Empolgada por finalmente fazer parte de alguma coisa, não tira o moleton da equipe de Cross Country, usando ele durante a semana inteira, mesmo com sol a pino, e na hora da apresentação da equipe para a escola inteira, Sue passa mal com o calor, e acaba desmaiando e derrubando toda a equipe, que cai por cima dela. Sensacional.
É claro que os Heck acabam descobrindo que não são esse tipo de pessoa que queriam ser, e relaxam novamente na sua rotina maluca, que a gente acaba achando até normal, ou muito parecida com a nossa.
Se você tiver 20 minutos semanais sobrando, arrisque assistir The Middle. A série de comédia é tão inofensiva, que o máximo de dano que lhe causará, é melhorar seu dia.
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