A comédia da NBC, Community, divide opiniões. Há quem ache a coisa mais sensacional do mundo. Há quem ache a coisa mais sem graça do mundo. Pra mim, é uma série de altos e baixos, com algumas sacadas geniais que acabam compensando o marasmo de alguns episódios. Só por isso, já merece atenção. Depois dessa season premiere sensacional que mudou radicalmente a dinâmica da série então…
Para gostar de Community é preciso entender que toda a cena em si é uma piada. As universidades comunitárias nos Eua são vistas com maus olhos, por basicamente serem compostas por parías da sociedade, que em algum momento fizeram escolhas erradas, e acabaram longe da vida que sonhavam ter. São divorciados tentando uma novo rumo na vida, adolescentes que desistiram dos estudos e agora correm atrás do prejuízo, idosos – para se manterem ativos e losers em geral. Inclua nessa lista não só os estudantes, mas as figuras patéticas que integram o corpo docente e os funcionários da parte administrativa, e Community começa a se revelar como uma sarcástica comédia de humor negro, muitas vezes incompreendida pela grande maioria. É nas entrelinhas do roteiro rápido e verborrágico que está a grande graça da série, e não é vergonha confessar, que as vezes é preciso assistir duas vezes a mesma cena, para sacar a piada.
O plot da série é simples: para conquistar Britta (Gillian Jacobs), a estudante que tenta tomar novamente as rédeas de sua vida, Jeff (Joel McHale), um advogado que teve seu diploma caçado e se viu obrigado a voltar a universidade, diz falar Espanhol e se oferece para ajudá-la com aulas de reforço. Britta saca as intenções de Jeff e para sacaneá-lo no outro dia aparece com vários estudantes, que acabam virando amigos, formando um grupo de estudos de Espanhol.
Completam o grupo de estudantes: Abed (Danny Pudi), um nerd viciado em cinema e uma metralhadora de citações sobre cultura pop; Troy (Donald Glover), um ex-atleta que machucado no passado, perdeu a bolsa e agora resolveu retomar os estudos; Annie (Alison Brie), uma brilhante adolescente que fez escolhas erradas e acabou ficando meio doidinha com o uso de tantos medicamentos; A mãe separada Shirley (Yvette Nicole Brown), que procura uma melhor colocação no mercado de trabalho para poder sustentar os filhos sozinha, e que vive sendo chavecada por Pierce (o veterano do cinema e tv, Chevy Chase), que tenta ser moderno e conectado com a geração atual, mas é old school, preconceituoso e machista de carteirinha. Completam o elenco principal, o indiscreto diretor de Greendale, Dean Pelton (Jim Rash), que almeja ver a universidade que dirige ser respeitada e reconhecida e o professor fake de Espanhol e de métodos facistas, Chang (Ken Jeong), que fingiu ser professor, foi descoberto, e acabou matriculado na universidade, como aluno.
Foi nada menos que sensacional o episódio que marcou o começo de mais um semestre na universidade de Greendale. Como reforço em Espanhol é coisa do passado, o grupo segue adiante se reunindo agora para estudar Antropologia. E com razão: a professora June Bauer (Betty White) honra o sobrenome e consegue ser mais agressive que o Chang. Duvida? Falando em Chang, o maior ladrão de cenas da série, se matricula em Antropologia só para entrar no grupo de estudos. A cena no final no episódio, fazendo referência ao Sméagol/Gollum foi de rolar de rir e mostra não só a insanidade do Chang, mas de toda a série.
Se insanidade é a palavra de ordem, a professora de Antropologia não fica atrás. Seus métodos nada ortodoxos de ensino, ainda vão dar muito pano para a manga, assim como o relacionamento de Britta e Jeff, que neste episódio alcançou um nível esquizofrênico jamais visto, com as cenas deles fingindo que se amavam. Fingindo mesmo, será? Não poderia terminar sem mencionar que a metalinguagem empregada principalmente no texto de Abed, para falar da própria estrutura da série, foi para acompanhar com um sorriso de orelha à orelha. Ah…eu também quero seguir o @oldwhitemansays no Twitter!
Community volta com as engrenagens muito bem azeitadas, mais leve e engraçada. A mudança de ares, agora com foco na aula de Antropologia, fez bem a série e abre inúmeras possibilidades, garantindo episódios mais divertidos. Afinal, não existe loucura maior do que a nossa própria história.
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