Com SPOILERS para quem não assistiu ao episódio
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Número 5 na vertical: o que comem as soturdas larvas de lepidóptera? Com19 letras.
Antes que você pergunte o que isso tem a ver com a nova série da AMC, saiba que este é o estopim da descoberta da conspiração em Rubicon, a nova aposta do canal responsável por Mad Men e Breaking Bad. Com visual retrô, ar melancólico (reflexo do espírito triste do protagonista) e um certo clima noir, o piloto da série é – como toda boa conspiração – cercado de mistérios e não entrega muita coisa, mas deixa claro que Rubicon merece atenção e que, como diz o slogan da série, “Nem toda conspiração é uma teoria”.
Antes que eu esqueça, a resposta é Marsilea Quadrifolia, o popular trevo de quatro folhas.
Will Traves (James Badge Dale de The Pacific) é um cara estranho. Mais estranho que ele, só os colegas do Instituto de Política Americana (API), em Nova York, cada um com seu nível particular de autismo, manias, TOC´s e afins. Apesar de ser um braço governamental, não espere computadores na API ou alta tecnologia. A série se passa nos dias atuais, mas tem visual antiquado, com muito papel, lápis, caneta, livros e armários de arquivos, que só fazem aumentar o clima de segredo envolta do lugar e das atividades realizadas ali. Como Will mesmo gosta de definir seu trabalho, ele diz as pessoas o que pensarem, ou seja, ele decodifica mensagens, acha padrões, quebra códigos e os interpreta para o governo americano. Apesar de ter uma mente brilhante, Will não consegue lembrar o dia do próprio aniversário ou mesmo manter o convívio social normal. O fato de não poder falar do seu trabalho com ninguém, e de perder esposa e filha no atentado ao World Trade Center (o que seria de uma conspiração moderna se o 11 de setembro não estivesse envolvido? Hein? Hein?), só pioram as coisas.
Tá, e o trevo de quatro folhas?
Por acaso, depois de ajudar a secretária a responder o número 5 na vertical, nas palavras cruzadas de um jornal, Will nota que a mesma pergunta se repete em outros jornais, e após decifrar o padrão, ele descobre que as folhas do trevo estão relacionadas aos três poderes do governo: executivo, legislativo e judiciário. A grande pergunta é, quem a quarta folha do trevo representa e qual é a mensagem por trás disso tudo.
Ao mostrar ao seu superior, na verdade seu sogro David (Peter Gerety de Public Enemies), um supersticioso patológico (ele comprou uma vassoura e a pendurou na parede porque lhe varreram os pés com ela e, segundo ele, isso indica prisão ou morte, a não ser que você cuspa nela), finge não dar importância, dizendo tratar-se de uma piada de um editor de palavras cruzadas com um estranho senso de humor, mas corre para mostrar ao seu superior Ingram (Arliss Howard de Amistad) e “rouba” (entre aspas, porque ele poderia estar protegendo Will) os créditos da descoberta. Quando seu superior pergunta se mais alguém sabe da mensagem nas palavras cruzadas, David diz que não.
Visivelmente abalado, David marca um encontro com Will, mas parece que cuspir na vassoura não deu muito certo e o trem em que David está, colide com outro e ele morre antes de explicar o que está acontecendo. Coincidência ou Ingram, para quem David contou da descoberta, está envolvido na conspiração?
Durante o funeral, Ingram oferece a vaga de David para Will, que não aceita de imediato. Mas depois de ser praticamente enxotado do apartamento de um amigo de David, quando mencionou o que achou, um dia antes do sogro morrer, e de encontrar o carro de David estacionado na vaga 13 (supersticioso como era, David jamais estacionaria neste número, aliás, pena ele morrer, gostei dele…) Will fica curioso e intrigado e acaba cedendo e aceitando o cargo, em nome do amigo morto, subindo mais um nível na misteriosa agência do governo.
O episódio piloto de Rubicon começa e termina com os conspiradores em foco, mas não explica muita coisa. Na sequência inicial, um cara estoura os próprios miolos com uma arma e na sequência final, outros caras parecem aliviados com isso. Mais vago impossível, não?
Das estréias que vi recentemente, Rubicon ganha disparada como a melhor, e pode ser redundante dizer, mas a série promete. Inteligente e intimista, a série tem ritmo lento para um thriller, porém de quem sabe onde quer chegar, só que não tem pressa, e nem preocupação em explicar-se em um único episódio, muito menos em terminá-lo com um cliffhanger matador, como tantas outras séries por aí, desesperadas em fisgar a audiência órfã de Lost.
Se você estiver preparado para encarar uma série de mistério e suspense pós-Lost, Rubicon é sua nova melhor opção.
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